Meu nome é Sandra Codogno, sou neuropsicopedagoga e sócia proprietária do Centro do Desenvolvimento Humano.
Sou casada com José Silvio, mãe da Natália e do Renan Codogno.
Meu segundo filho, Renan, nasceu com Síndrome de Down.
Tive uma gestação tranquila, sem nenhuma intercorrência; portanto, só tive conhecimento da síndrome após seu nascimento.
Meu filho nasceu em uma sexta-feira de carnaval. Como meu marido adora festas, preparou todo o quarto com motivos carnavalescos para este momento tão especial das nossas vidas, o nascimento tão esperado de um menino, para nós que já tínhamos uma menina; agora seríamos uma família completa.
Durante o tempo em que permaneci no hospital fui acolhida por vários profissionais que usaram de bom senso e sentimento humano para me preparar e orientar da melhor forma possível.
Conforme orientação da equipe médica do hospital, após ter alta procurei o pediatra da minha confiança, onde tive a suspeita da Síndrome de Down, que só foi confirmada com o cariótipo, trinta dias depois.
Durante esta espera fui orientada a conhecer melhor a síndrome e os locais que pudessem me ajudar.
Claro que, como todos os pais que recebem a notícia de que seu filho tem uma necessidade especial, levamos um grande susto.
Passei pela fase do luto, com uma mistura enorme de sentimentos: negação, tristeza, questionamentos sem respostas, até chegar à aceitação e entendimento para ir à luta.
Graças a Deus este tempo foi curto e encontrei excelentes profissionais no meu caminho. Todos foram unânimes em afirmar que meu filho teria uma vida como qualquer outra criança, mas, para isso acontecer, tudo dependeria de mim e da minha família. A chave do sucesso seria “ESTIMULAÇÃO E AMOR”.
Acreditando muito nisto, deixei o luto e os questionamentos de lado, acreditei no potencial do meu filho e fui à luta.
Aos quarenta e cinco dias comecei um trabalho de estimulação intensa e global, trabalhando muito diariamente, o que persiste até hoje.
O tempo foi passando, meu filho foi crescendo e se desenvolvendo como qualquer outra criança. Passou por todas as fases, claro que com mais atenção, no seu ritmo e no seu tempo.
Encontramos muitos obstáculos e dificuldades ao longo deste caminho, mas todos resolvidos com muito diálogo e paciência.
Meu filho concluiu o ensino médio, prestou Enem, fez curso técnico em Meio Ambiente, trabalhou no projeto Jovem Aprendiz do Senac.
Como acontece com qualquer jovem, se decepcionou com sua escolha profissional, mas não desanimou. Resolveu mudar de curso. Prestou vestibular e hoje faz graduação e licenciatura em Educação Física na Unip. Está adorando o curso.
Tem uma vida social intensa, com muitos amigos, conquistados em todos os lugares por onde passa. Adora baladas e festas.
Hoje vejo que os profissionais que me orientaram no seu nascimento estavam corretos em relação ao seu prognóstico, pois realmente ele teve, tem e sempre terá uma vida como qualquer outro cidadão, com direitos e deveres, tendo como base o respeito acima de tudo.
Todos são capazes desde que façamos a nossa parte, desde que sejam tratados com dignidade e respeito às suas necessidade. Tudo se torna possível quando se acredita e vai à luta.
O meu papel como mãe é de levar informações a todos, pois quando conhecemos melhor, as diferenças desaparecem.
SANDRA MARIA FERREIRA CODOGNO
NEUROPSICOPEDAGOGA, COM FORMAÇÃO EM PEDAGOGIA, PSICOPEDAGOGIA, EDUCAÇÃO INCLUSIVA E SÓCIA PROPRIETÁRIA DO CENTRO DO DESENVOLVIMENTO HUMANO.
