Psicologia

Qual o papel da Psicologia?

Como o bebê com síndrome de Down é um bebê inesperado, pois os pais planejam a gestação sonhando com uma criança “perfeita” e pronta para realizar tudo que eles próprios não foram capazes, o processo de luto e adaptação é mais difícil e doloroso. A família tem que entrar em contato com um mundo cheio de novas informações e cada pessoa em particular, por causa da sua própria história de vida, tem mais facilidade ou dificuldade em lidar com este tipo de questão.  A representação formada imaginariamente pelos pais e outros familiares do bebê com síndrome de Down vai variar muito em função dos seus próprios (pré) conceitos acerca da síndrome e da sua experiência em lidar com as diferenças.
Apesar de raramente ser realizado em instituições e clínicas no Brasil, o suporte psicológico à família é essencial, pois, logo após o nascimento, os pais e o bebê (tenha ele a síndrome de Down, ou não) vão engajar-se emocionalmente com o filho, construindo um ritmo de troca comunicacional não-verbal que formará os vínculos familiares e será um importante precursor da linguagem e da saúde mental do indivíduo em formação. 
Tudo isso fica complicado no nascimento do indivíduo com a síndrome de Down, visto que a via de formação dos vínculos encontra-se nitidamente perturbada.  Os pais estão, na maioria das vezes, perplexos e tal estado não permite o engajamento com o filho. Além disso, o bebê com síndrome de Down, por questões neurofisiológicas, possui um potencial mais baixo para este engajamento, visto que é mais lento nas suas interações, solicitando menos a resposta de cuidados dos seus pais.
Esse movimento de mão dupla, que precisa ser ajustado em todos os núcleos familiares com bebês, às vezes, fica muito descompassado e sem ritmo e tende a amplificar-se através do tempo, prejudicando o engajamento dos membros da família e reforçando as respostas de afastamento entre as partes.
Como se pode ver, questões fundamentais ligadas ao próprio desenvolvimento do bebê estão em jogo nesse início de relação. Muitos profissionais ficam surpresos com este tipo de informação, pois ao que assistimos, com maior frequência após o nascimento do bebê trissômico, é uma corrida aos médicos, em função dos possíveis problemas clínicos do bebê, e à estimulação precoce, em função apenas da dificuldade motora do bebê em consequência da hipotonia.  Poucos profissionais lembram da importância do trabalho do especialista, psicólogo, neste momento.  Portanto, os pais ficam relegados a um segundo plano, pois não se oferece nenhum tipo de suporte a eles. 
O psicólogo pode ajudar na relação dos pais com os filhos através de uma psicoterapia que trabalhe os vínculos.  Cada família tem suas histórias, seus mitos, suas regras e seus valores. Precisamos entender um pouco disto tudo dentro de cada sistema familiar para podermos intervir de maneira eficaz, pois com um pouco de entendimento dos aspectos particulares da família podemos inferir o que está perturbando as relações e, então, trabalhar em cima destes conteúdos. É um trabalho muito minucioso e especializado.

Fonte:
https://www.movimentodown.org.br/editoria/saude/cuidados-medicos-saude/

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