Superproteção – Educamos com medo.
Em nenhum cromossomo está escrito que uma pessoa com síndrome de Down não pode tomar banho sozinha, preparar um lanche, atravessar a rua, ganhar um salário e ser independente com os apoios certos. Contudo, a grande maioria não consegue. E nem sempre é devido à deficiência, muitas vezes é a superproteção, o medo e a desconfiança que impedem seu desenvolvimento e crescimento. Temos medo de que ele tome banho sozinho, de que se queime com a água, temos medo de que prepare um lanche e se corte com a faca, de que atravessem a rua e não olhem para os lados e acabem sendo atropelados por um carro, assim a força da superproteção acaba impedindo que eles realizem inúmeras coisas que poderiam realizar e que são necessárias para seu desenvolvimento e crescimento pessoal.
A superproteção os invalida mais que a própria deficiência, porque os impede de se constituírem como sujeitos e instala a dependência.
Projeto de futuro.A deficiência não deve supor que uma pessoa não possa ter seus próprios desejos. O projeto de futuro de um ser humano se inicia no momento de seu nascimento. “Como ele será quando crescer? Como vou educá-lo? Que valores querem lhe passar?” Todas essas perguntas sustentam um projeto de vida na qual a pessoa será ela mesma. Tentamos fornecer elementos para que possa se conduzir sozinha pela vida da melhor maneira possível, para isso, desde pequeno, devemos tratar-lhe como uma pessoa única, com seus próprios desejos e opiniões. Perguntar a uma criança o que deseja comer quando vai a um restaurante, que roupa quer vestir ou qual seu jogo preferido, atender e respeitar seus desejos, se interessar por seus amigos, são questões habituais, embora quase nunca são levadas em consideração quando se trata de uma criança com síndrome de Down.
A vida das pessoas com Down é dirigida e planificada com o objetivo de que aprendam o máximo possível, que façam o que lhe mandam, que se “comporte bem” e se adaptem e se integrem na sociedade.
As expectativas que os outros têm, a confiança, o que se espera e o projeto de futuro são questões fundamentais para um bom funcionamento da personalidade. Para ser quem somos e como somos precisamos de um ponto de referência, que geralmente nos é dado pelo outro. Se a mensagem é que não servimos para nada possivelmente não iremos superar esta ideia. Por isso a representação mental de certos conceitos, no caso da síndrome de Down, é determinante para o desenvolvimento psíquico. E a representação mental das pessoas com Down, até pouco tempo, era de uma eterna criança dependente de seus pais. Atualmente, esta imagem está mudando, mas, na maioria das vezes, não são consideradas pessoas adultas com direitos e deveres, como qualquer outro cidadão.