Joana Marcatto, Psicóloga, Pós graduada em Educação Inclusiva e Neuropsicopedagogia
Com o passar do tempo, com a evolução da sociedade, o modelo familiar mudou, passou a ser mais democrático, igualitário, onde todos os membros devam ter suas necessidades atendidas, tendo a busca do bem estar e cada um com o seu papel.
Ao engravidar criamos expectativas em relação ao filho ideal, projetamos os nossos sonhos nesta gestação, independente de ter sido planejada ou não.
Depositamos nesta gestação sentimentos de alegria, esperança e realização, não nos preparamos para vivenciar momentos que não sejam de felicidade.
Esquecemos ou melhor negamos o que o nascimento de um filho provoca na nossa vida, deixamos de pensar que será necessário uma mudança de rotina,exigindo uma reestruturação de papéis, necessitando por um período de adaptação.
Com o nascimento da criança fica claro que a família irá precisar de um período de adaptação, pois o filho imaginário agora é real e passará a ocupar tempo e terá um papel em nossas vidas. Precisamos aprender a construir esta nova relação de mãe e pai.
Imagina quando na construção desta relação acrescentamos um diagnóstico de que seu filho tem síndrome de Down ou um outro diagnóstico.
Neste momento a relação já encontrar-se em construção, pois o filho imaginário tornou-se real , mas ao mesmo tempo o filho real não é o filho imaginado . A família passa a viver um período transitório traumático e de desconstrução, passando a vivenciar sentimentos de angústia, frustração e muitas vezes até de negação, acreditando que ocorreu um erro no diagnóstico.
Por este motivo e outros o momento e a forma de como é comunicado o diagnóstico é de fundamental importância para estabelecer as primeiras relações familiares entre o bebê, a mãe e o pai, sendo um momento fundamental na vida desta família, pois é através da aceitação desta notícia que se inicia a construção de uma nova relação, onde os seus sonhos e expectativas em relação ao seu filho imaginário precisa ser desconstruído para poder construir novos sonhos e expectativas em cima de seu filho real, necessitando de muitas informações e cuidados para a elaboração desta notícia.
Será necessário um tempo de assimilação e acomodação para compreender tudo o que está sendo vivenciado, precisa de acolhimento para poder reestabelecer esta nova relação que está sendo construída neste momento. Ainda mais para aquelas famílias que não tem conhecimento sobre o diagnóstico, que recebe só após o nascimento. Hoje muitas famílias já recebem o diagnóstico ou a suspeita do diagnóstico no início da gestação, nos exames realizados no pré – natal, tendo um tempo maior para a elaboração desta nova realidade.
Ficando claro a necessidade de que o momento do diagnóstico seja o mais esclarecedor e fortalecedor para a família, sendo de fundamental importância tanto para a família como para esta criança que está por chegar, pois quando permitimos a esta família vivenciar e compreender todos estes sentimentos através de informações verdadeiras, acolhidas de carinho e afeto tudo torna-se mais fácil. O desconhecido provoca em nós sentimentos de medo, insegurança, incapacidade. Sentimentos estes que devam ser ao contrario neste momento, pois é a aceitação e compreensão do diagnóstico que irá possibilitar o desenvolvimento e as oportunidades a serem oferecidas a seu filho.